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As armadilhas da "cultura de startup"

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Aposto que quando você ouve "cultura de startup", pensa em coisas como puffs coloridos, escritórios abertos e comida grátis, ainda que a origem do termo remeta a um conjunto mais amplo e profundo de estruturas e métodos de trabalho.

Em algum momento, essa ideia antes atrelada apenas à inovação ganhou uma segunda conotação, desta vez negativa, soando como um modus operandi para atrair funcionários e holofotes sem ter que oferecer bons salários e melhores condições de trabalho para isso. Mas como é que essa virada aconteceu? E como essas armadilhas afetam as empresas e os profissionais?

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A origem da "cultura de startup"

A "cultura de startup" surge para resumir uma nova estrutura organizacional e de trabalho que se expande com o crescimento de empresas de tecnologia, principalmente concentradas na região do Vale do Silício, na Califórnia. Nessa conta, entram as hoje gigantes Apple, Google e Facebook. Essa nova estrutura inclui características como:

  • Metodologias ágeis de trabalho;
  • Incorporação de testes e até dos erros como etapas importantes dos projetos;
  • Mais horizontalidade entre os membros da empresa;
  • Possibilidade de participação nos lucros;
  • Flexibilidade dos horários de trabalho;
  • Possibilidade de trabalho remoto;
  • Multidisciplinariedade dos times;
  • Diminuição da burocracia interna.

À cultura que favorece a colaboratividade, a agilidade e a criatividade, são incorporados elementos menos transformadores, mas muito mais chamativos, os perks – ou regalias. Escritórios abertos, puffs coloridos, videogames, mesas de sinuca, comida à vontade, cerveja e, nas empresas maiores, até mesmo academias e restaurantes.

Até aí, tudo bem, certo? Os funcionários recebem bons salários, têm boas condições de trabalho e podem jogar videogame, tomar cerveja e até se exercitar na conta da empresa que, por sua vez, tem uma equipe mais produtiva, criativa e engajada. O perigo começa quando esse modelo ganha visibilidade e é replicado em outros negócios ao redor do mundo. Nesse processo, a "cultura de startup" muitas vezes passa por um esvaziamento, tornando-se apenas uma embalagem nova para a antiga lógica de trabalho.

A "cultura de startup" no Brasil

No Brasil, esse esvaziamento é especialmente visível. Como disse o fundador e CEO da Loft, Florian Hagenbuch, em entrevista ao Código Aberto:

"Esse ambiente divertido no Brasil foi tradicionalmente usado muito para pagar os funcionários mal. (...) Era tipo assim 'olha, você não vai ganhar tão bem quanto você ganharia em uma empresa grande, mas tem a mesa de sinuca, então bota isso na conta.' Acho que isso está completamente errado. (...) O Facebook campus é uma cidade. Se você quer fazer lavanderia, tem, se você quer comer, tem, tem tudo lá, tem farmácia, tem médico, tudo. Por que eles fazem isso? É pra você minimizar as distrações fora do trabalho e focar 100% no trabalho. Mas, além disso, eles pagam bem pra cacete (sic). Isso começa a alinhar os interesses de uma forma muito mais clara, e acho que no Brasil isso não foi empregado de uma forma muito boa."

As promessas de horário flexível e trabalho remoto também se transformaram em armadilhas para funcionários. É muito comum ouvir relatos de pessoas que já nos primeiros meses de empresa percebem que teoricamente até podem usufruir dessas vantagens, mas quando o fazem são mal vistos pelos chefes e até por colegas. O mesmo vale para jogar videogame, tirar um cochilo no puff depois do almoço ou abrir uma cerveja na sexta-feira à tarde. Poder, pode. Mas quem faz ganha o carimbo de folgado.

Startup da Real, personagem anônimo que expõe os bastidores do empreendedorismo, levantou pontos durante um debate que podem explicar esse fenômeno. Um deles seria a cultura do merecimento, segundo a qual primeiro é preciso aceitar as condições ruins de salário e trabalho para, anos depois, subir na carreira e ocupar o lugar de privilégio.

Um segundo ponto levantado pelo Startup da Real é a mentalidade dos chefes que, quando contratam um profissional, não entendem que estão comprando suas habilidades para resolver um problema ou criar um produto, mas sim que estão comprando 44h semanais da sua vida e que permitir o trabalho remoto ou a flexibilidade de horários dificulta seu controle quanto ao completo aproveitamento desse tempo.

A alta rotatividade de funcionários ajuda a demonstrar a armadilha. Os profissionais, principalmente os menos experientes, são atraídos pelas vantagens lúdicas e promessas de flexibilidade, mas logo notam que, melhor do que comer pizza no café da manhã e jogar videogame no trabalho, é ter um salário justo para poder comprar a própria pizza e escolher o próprio entretenimento.

Todas essas armadilhas prejudicam principalmente os profissionais – até porque escolher entre várias oportunidades não é a realidade da maioria dos brasileiros. Mas vale dizer que elas são um tiro no pé para as próprias empresas. Quando a "cultura de startup" é incorporada a uma companhia de forma esvaziada, ela pode até atrair bons profissionais à princípio, mas não é capaz de mantê-los.

Como modernizar a empresa sem criar as armadilhas da "cultura de startups"?

Uma pesquisa de 2019 demonstrou que as vantagens que os funcionários mais procuram em uma emprego são horários de trabalho flexíveis (88%), bônus (77%) e plano de saúde (69%). A pesquisa foi feita com profissionais dos Estados Unidos, mas é bastante razoável dizer que os brasileiros também privilegiam vantagens relacionadas à dinheiro, saúde e autonomia.

Vale destacar que mesmo em empresas da área de tecnologia que oferecem todos esses benefícios, manter funcionários por um longo período de tempo ainda é um desafio. Uma pesquisa de 2018 demonstrou que entre as grandes companhias americanas do setor, o Facebook é a que possui maior retenção de profissionais, que ficam em média 2,02 anos na empresa. Em lugares como Uber, Google e Amazon, esse número é ainda menor.

Ainda assim, se você tem uma empresa e quer se modernizar para continuar crescendo, diria que o melhor é não começar pelos puffs. Outras ações têm se mostrado mais relevantes, como boas condições de trabalho e salários compatíveis com as atividades e a experiência exigidas. Até porque, apesar de toda a discussão sobre "o que os millennials valorizam no trabalho", o caminho pode ser mais óbvio do que parece: muitos ainda priorizam o bom e velho direito à férias e 13° salário, em um ambiente com oportunidades compatíveis com o seu momento de carreira.

Além disso, métodos de trabalho que privilegiam a produtividade e a entrega de resultados, e não o controle excessivo e a vigilância, também podem ser uma maneira de valorizar o funcionário de fato. Sabemos que cada setor do mercado tem suas próprias diretrizes trabalhistas para seguir. Mesmo assim, dentro das possibilidades de cada categoria, construir uma cultura de confiança e oferecer autonomia aos seus colaboradores é também uma maneira eficaz e justa de melhorar resultados.

Com isso feito, não há nenhum problema em pintar paredes e comprar uma mesa de sinuca – afinal, o ambiente divertido pode ser uma vantagem, a armadilha da "cultura de startups" é torná-lo a única.

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