5 desafios da logística no Brasil em 2024

A logística no Brasil enfrenta desafios desde os primeiros planejamentos de transportes registrados no país, da primeira metade do século 21, como publicado no relatório do Plano Nacional de Logística 2035. Na época, a interiorização do território era pouco expressiva, então os deslocamentos mais longos eram realizados principalmente por navegação marítima. 

Já em meados de 1860, a navegação fluvial passou a se desenvolver por aqui junto às poucas ferrovias que estavam em atividade. Todavia, tudo era realizado de forma espontânea, sem uso de dados precisos para a criação de soluções mais estratégicas. 

Os anos passaram e a logística brasileira conseguiu evoluir junto ao tempo. Estima-se que o mercado de logística no Brasil alcance cerca de R$645 bilhões até 2029, conforme publicado pelo Jornal do Comércio. Esse número reflete investimentos do setor em tecnologia, sustentabilidade e boas práticas que superam desafios do presente. 

Não podemos desconsiderar que falar de logística é falar de todos os outros segmentos, uma vez que produtos e serviços dependem do “ir e vir” de diversos modais. Por isso, listamos cinco dos principais desafios da logística no Brasil em 2024 e como eles vêm sendo superados, para você ter um panorama deste mercado que impacta diretamente os negócios, a gestão pública e a sociedade.

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1. Expandir atuação em áreas de difícil acesso

2. Superar condições climáticas

3. Priorizar a sustentabilidade das operações

4. Lidar com problemas de infraestrutura

5. Investir em inovação

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Morar em imóveis sem CEP, em áreas de risco, periféricas ou isoladas dos centros urbanos é uma realidade para muitas pessoas. Isso acaba impossibilitando muitas entregas, impactando diretamente no acesso das pessoas a diversos serviços e produtos. Todavia, muitas empresas já identificaram esse desafio e investem em soluções para não perderem negócios por conta de dificuldades logísticas.

A varejista Americanas, por exemplo, deu início em 2021 ao projeto Americanas na Favela, que possibilita a entrega de compras do e-commerce e de itens de supermercados em comunidades. Desde então, a iniciativa utiliza mão de obra local, mobilizando entregadores que conhecem suas comunidades para realizarem as entregas com bicicletas e tuk-tuks elétricos, veículos que conseguem se adaptar aos becos e vielas comuns das periferias. A Amazon também ampliou sua estrutura para entregas nas comunidades do Brasil, em parceria com a retailtech Favela Llog.

No seminário “Os Desafios da Logística no Brasil”, Fernanda Rezende, diretora executiva adjunta da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) trouxe  atenção ao conceito chamado last mile, que se refere à mobilidade de “último quilômetro”, ou seja, de endereços com características distintas que dificultam o acesso para entregas. 

“Para se ter uma ideia, 60% dos mais de 5 mil municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes. Ou seja, são municípios pequenos onde, às vezes, não é possível ter uma estrutura tão grande de centro de distribuição para fazer com que esses produtos cheguem. Esses dois universos, os grandes e os pequenos centros urbanos, têm características muito distintas na operação, e isso é um grande desafio para os operadores, que precisam universalizar essas entregas. Tem que entregar com custo baixo, com tempo reduzido, independentemente do lugar”.

^{Fernanda Rezende, diretora executiva adjunta da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).}

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A seca que atingiu a região Norte no fim de 2023 impactou o transporte de cargas por hidrovias, baixando além do esperado os níveis das águas dos rios. Isso assustou muitos negócios, porque essa condição refletiu no abastecimento local e também no escoamento da produção da Zona Franca de Manaus, como foi noticiado pela CNN Brasil. Na ocasião, as empresas de transportes de navegação cobraram taxas de até R$10 mil por contêiner por conta das restrições, impactando no aumento dos custos logísticos.

Este é só um exemplo do desafio de desenvolver novas metodologias logísticas que superem as condições climáticas adversas, algo que já está presente na agenda de muitas empresas brasileiras. Em artigo de George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes, para a Exame, ele ressalta que em 2023 foram registradas 200 interrupções em rodovias federais referentes a problemas relacionados a eventos climáticos. Outro exemplo recente foi o fechamento da Rodovia dos Tamoios e Mogi-Bertioga, rotas importantes para as cargas do porto de Santos/SP, devido às fortes chuvas que refletiram em deslizamentos de terra na estrada.

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Conceitos como o de logística verde – que se refere à redução do impacto ambiental nos processos – e de logística reversa já são conhecidos. Todavia, este é o momento de tornarem-se ainda mais importantes na cadeia. 

Cabe às empresas considerar pontos como a redução de materiais de embalagens ou uso de opções biodegradáveis, substituição de equipamentos e frotas por opções mais modernas que possibilitam menos impacto ambiental, armazenamento com infraestrutura com energia renovável e outras práticas sustentáveis, adoção de meios de transporte alternativos e menos poluentes, entre outras ações listadas pelo Sebrae. 

Isso também atende às preocupações das empresas com a agenda ESG (práticas ambientais, sociais e de governança). De acordo com matéria publicada pelo Agora, 30% dos operadores logísticos do Brasil já trabalham com metas de sustentabilidade. As iniciativas podem preparar as empresas do setor para lidar com as novas exigências do mercado, que cada vez mais prioriza a redução de impactos ambientais. Portanto, priorizar práticas sustentáveis possibilita, além de ganhos ao planeta, mais confiabilidade e competitividade.

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Segundo a pesquisa da Confederação Nacional dos Transporte (CNT), divulgada pela Agência Brasil, 67,5% das rodovias do Brasil são classificadas como regular, ruim ou péssima. O estudo avaliou as condições do pavimento, placas de sinalização, acostamento, curvas e pontes de mais de 111,5 mil quilômetros de rodovias do país, federais e estaduais. Além de apontar essa deficiência, a pesquisa ressaltou que as condições refletem nos preços dos fretes e dos produtos finais.

Entre os piores pontos levantados pela CNT no último ano, foram apuradas 207 quedas de barreiras, 504 erosões nas pistas, 1.803 buracos de grande proporção, cinco quedas de pontes e 67 pontes estreitas. “Tratam-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte”, destaca a confederação na pesquisa.

Também em participação no seminário “Os Desafios da Logística no Brasil", o presidente da CNT, Vander Costa, explicou que a deficiência da infraestrutura do transporte no Brasil é histórica e bastante inferior quando comparada a países desenvolvidos. Segundo ele, isso influencia diretamente na produtividade e competitividade dos negócios brasileiros. “O problema é tão basilar que a CNT estima serem necessários mais de R$865 bilhões para viabilizar projetos de destaque em infraestrutura de transporte. Essa condição de precariedade restringe a nossa capacidade de transportar as riquezas produzidas, reduz a produtividade de nossas empresas e dificulta a geração de empregos e a distribuição de renda para a nossa população”, destacou Costa no evento.

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Como observado no estudo “Own Your Transformation”, do IBM Institute for Business Value, o acesso à tecnologias exponenciais, como inteligência artificial, IoT, automação e até mesmo computação quântica, possibilitam às empresas logísticas agilizarem seus processos e trabalharem com mais assertividade, por meio de decisões orientadas por dados. Os recursos, inclusive, facilitam a antecipação frente à condições que possam prejudicar os processos, promovendo a redução de riscos diversos e de custos.

Sendo assim, os investimentos em inovação são importantes para quem deseja solucionar desafios e oferecer mais recursos para a equipe logística atuar de forma produtiva. Ainda segundo o estudo “Own Your Transformation”, as tecnologias possibilitam melhorias em resultados referentes à sustentabilidade, à visualização dos fluxos e às adaptações necessárias em tempo real. Como exemplo, o conteúdo observa que a digitalização de fluxos de trabalho e aproveitamento da automação de IA possibilitaram crescimento de 11% da receita anual.

Diversas soluções inovadoras já estão presentes na cadeia logística brasileira, como apresentado no portal Mobilidade, do Estadão. Já existem ferramentas avançadas que permitem aos gestores acompanharem as frotas e até o comportamento dos motoristas ao volante de caminhões, por exemplo. 

A inteligência artificial também tem sido usada como aliada da redução de acidentes e otimização dos serviços logísticos. Câmeras com essas tecnologias têm sido instaladas em veículos para acompanharem os trajetos e também para advertir motoristas em casos de necessidade, como em uma distração na direção, ou em alguma ocorrência de direção agressiva – o que impacta em desgaste de freio e consumo de combustível de caminhões, por exemplo.

Esperamos que os dados listados aqui contribuam com sua compreensão sobre a realidade da logística no Brasil para você planejar suas ações superando desafios também. Até a próxima!

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